Um estudo do CEGH-CEL (Centro de Estudo sobre o Genoma Humano e Células-Tronco) da Universidade de São Paulo,em parceria com o Instituto Butantan, chegou a uma descoberta inovadora: o zika vírus pode ajudar na regressão de tumores agressivos do sistema nervoso central.
Em entrevista ao portal Uol, Mayana Zatz, diretora do CEGH-CEL, disse que a ideia de associar o patógeno ao câncer cerebral surgiu porque se observou que ele tem uma preferência pelas células progenitoras neurais dos fetos, que mais tarde vão se transformar em neurônios e dar origem ao cérebro. E os tumores do Sistema Nervoso Central possuem células extremamente parecidas com essas.
De acordo com a cientista, a explicação de porquê ocorre esse mecanismo é complexa, mas provavelmente o vírus se adapta melhor ao maquinário das células progenitoras. “Ele se replica melhor nelas e as destrói e, a partir dessa constatação, decidimos investigar se também atacaria as células-tronco tumorais do cérebro, e a resposta foi positiva. O inimigo virou um aliado”, declarou a especialista ao portal Uol.
O trabalho científico, que já foi publicado em revistas científicas mundiais como Cancer Research, da Associação Americana de Pesquisa Sobre o Câncer, em abril de 2018, e na Molecular Therapy, em março do ano passado, ainda está em andamento e é desenvolvido por fases.
Os pesquisadores pretendem utilizar este tipo de terapia seja utilizada em humanos para tratar os cânceres mais agressivos, que são resistentes à quimio e radioterapia. Mas devido à pandemia, o financiamento da pesquisa foi cortado e os cientistas agora dependem da arrecadação de recursos (vaquinha virtual) para dar continuidade ao estudo.
Para contribuir com a pesquisa, acesse aqui.