Um estudo realizado pelo instituto de Ciências Biomédicas, Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), analisou o potencial terapêutico de uma substância química contra a infecção do vírus chikungunya (CHIKV). Intitulada “O complexo organometálico prejudica fortemente a entrada do vírus nas células hospedeiras”, a pesquisa foi publicada na revista científica “Frontiers in Microbiology”, em dezembro último, e foi desenvolvida em parceria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade Ceres (Faceres), Universidade de Tartu (Estônia) e Universidade de Leeds (Inglaterra).
Os cientistas concluíram que um composto organometálico – moléculas naturais orgânicas associadas a um metal através de uma ligação covalente – tem a capacidade de inibir a infectividade do chikungunya in vitro em 91%, com um índice terapêutico maior que 40, considerado alto. No experimento, foram utilizados o alfa-felandreno (molécula orgânica) e o sal de rutênio (metal), que resultou no RcP.
A descoberta é uma boa notícia, pois a substância pode contribuir para desenvolvimento de remédios para a doença, explica uma das orientadoras do trabalho e professora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFU, Ana Carolina Jardim. “Considerando as atividades já descritas contra outros vírus de importância endêmica, os resultados produzidos neste projeto poderão fornecer informações para o desenvolvimento de tratamentos contra o CHIKV, o que poderá resultar na melhora na qualidade de vida da população infectada e redução dos gastos públicos”.
No Brasil, em 2020, milhares de pessoas sofreram com a doença. Segundo dados do Boletim Epidemiológico, de dezembro, divulgado pelo Ministério da Saúde, foram 80.914 casos prováveis de chikungunya. As regiões Nordeste e Sudeste apresentaram as maiores taxas de incidência, de 102,2 casos a cada 100 mil habitantes e 13,1 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente.
A enfermidade causa vários sintomas como febre, dor de cabeça, mal estar, dores nas articulações e, em alguns casos, manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo. E pode ainda causar sequelas como dores crônicas que podem durar de meses a anos. Até hoje, não existe um tratamento antiviral eficaz contra a infecção.
Fonte:Portal Comunica UFU