Abiclor

Sanepar investe em recuperação de rios e criação parques

Projeto Reserva Hídrica do Futuro tem o objetivo de preservar 150 km de rios, assegurando disponibilidade e melhor qualidade água nas próximas décadas

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) vai encerrar o ano de 2021 executando o desassoreamento do canal de água limpa do rio Iguaçu, em Piraquara (região metropolitana de Curitiba). A obra faz parte do Projeto Reserva Hídrica do Futuro, cujo objetivo é recuperar cerca de 150 quilômetros de rios e formar uma faixa de 1.800 hectares de parques entre a região da Serra do Mar e Porto Amazonas, cidade do interior a 80 quilômetros de Curitiba.

Com um cronograma de dez anos, o projeto tem o potencial de armazenamento de cerca de 50 bilhões de litros de água. Os esforços também terão a participação do Governo do Estado do Paraná, do Instituto Água e Terra (IAT), da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e do Município de Curitiba. Após a obra deste fim de ano, o próximo passo será a retirada de lixo das margens da Avenida Metropolitana, paralela à rodovia PR 277.

“O projeto Reserva Hídrica do Futuro vai deixar um legado de abastecimento com água em maior quantidade e qualidade para as próximas gerações”, afirma o diretor-presidente da Companhia, Claudio Stabile. Uma das medidas mais importantes para construir esse legado é a alteração de zoneamento urbano ao longo das áreas que serão destinas para preservação e criação de parques lineares, o que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba já está realizando no trecho entre o Rio Barigui e a rodovia BR-277, abrangendo quatro bairros da capital paranaense.

Os primeiros passos

A Sanepar deu início ao Projeto Reserva Hídrica do Futuro com as obras de limpeza da Lagoa Corine e do canal de água limpa do rio Iguaçu, ação que pode levar a um incremento de disponibilidade hídrica de até 20% ao sistema de tratamento de água local. No caso do rio, foram retirados 90 mil metros cúbicos de vegetação aquática, em área de 112 mil metros quadrados. Na Lagoa Corine, com área de 45 mil metros quadrados, a vegetação retirada somou 9 mil metros cúbicos.

“A vegetação aquática retém a vazão que poderia ser aproveitada no abastecimento. A limpeza aumenta essa vazão, melhora o fluxo e a qualidade da água”, explica a gerente de Recursos Hídricos da Sanepar, Ester Amélia de Assis Mendes. Nesse processo de limpeza, a Companhia utilizou um hidrotractor, equipamento que faz o corte e o transporte da vegetação até a margem, de onde o material é retirado por uma escavadeira.

A seca na Região Metropolitana de Curitiba

A seca que a capital paranaense e região atravessam começou em julho de 2019, inicialmente como consequência de um longo período de retiradas de água em volume que as estações chuvosas não deram conta de repor, mesmo com índices dentro da média histórica. A crise se agravou logo em março de 2020, quando o estado do Paraná passou a enfrentar períodos de estiagem mais severos.

Ainda em 2019, um cronograma de rodízio de fornecimento foi implementado em Curitiba e Região Metropolitana, sendo intensificado em meados de 2020. No início de 2021, mesmo no período do pico de chuvas, os moradores enfrentam ciclos de 36 horas de água nas torneiras intercalados com outras 36 horas sem abastecimento.

Hoje, a Sanepar está alertando os cidadãos da Região Metropolitana de Curitiba sobre a necessidade de reduzir o consumo de água tratada em 20%, pelo menos. A campanha “Meta 20%” coloca este patamar de economia como condição para impedir a queda no nível dos reservatórios a ponto de provocar a interrupção total do fornecimento.

Segundo a Companhia, o estado do Paraná enfrentou uma das piores estiagens da história e mais de três milhões de pessoas foram afetadas pela falta de água. A seca levou à decretação de estado de emergência hídrica em 68% dos municípios paranaenses, ainda de acordo com a Sanepar.