Estudo revela que uso de eletricidade gerada por fontes limpas e eficiência energética para eletrólise contribuíram para o resultado alcançado em dez anos
Analisando os dados de 35 fábricas, instaladas em 11 Países, os pesquisadores fizeram um diagnóstico da emissão de gases do efeito estufa (GEE) para a fabricação de 1 quilograma de produtos cloro-álcalis. Na comparação com o último levantamento realizado há dez anos, os pesquisadores verificaram que o potencial de aquecimento global da indústria cloro-álcalis europeia caiu entre 20% e 25%.
Para chegar aos números que mensuram parte do impacto ambiental da indústria, foram levados em conta a quantidade de energia elétrica empregada na fabricação – por meio de eletrólise – e o equivalente em emissões de gás carbônico para a geração local de cada kW/h. Um fator importante apontado pelo estudo é o impacto dos primeiros passos da transição energética na Europa, abandonando as fontes de combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica.
Os dados fazem parte do relatório Eco-perfil 2022 que avalia e quantifica o impacto ambiental dos principais produtos cloro-álcalis (cloro, soda cáustica, hidrogênio e hipoclorito) produzidos em fábricas instaladas na Polônia, Alemanha, Portugal, Hungria, Itália, Espanha, Reino Unido, Finlândia, Holanda, República Tcheca e Bélgica. O documento foi publicado (11/02/2022) pela Euro Chlor – representação do World Chlorine Council no continente europeu.
Caso a caso
A introdução de novas tecnologias energeticamente mais eficientes na produção dos itens da cadeia cloro-álcalis teve impactos diferenciados. O exemplo mais expressivo é o do hipoclorito que, nos últimos dez anos, teve uma queda de 54,8 % na energia elétrica necessária para a fabricação.
Na prática, as fábricas pesquisadas trabalham apenas com as tecnologias aprimoradas de células de membrana: monopolar, mono/bipolar, bipolar, oxigênio e cátodos despolarizados. Nas últimas duas décadas, a Europa vinha abandonando a tecnologia de células de mercúrio, atingindo a produção zero ao final de 2017.
Para o cloro, o resultado foi uma redução de 31,8% no consumo de energia elétrica para a realização do processo de eletrólise. A economia média de eletricidade para a produção do hidróxido de sódio atingiu 30,4%, de acordo com o relatório.
O Brasil e as fontes renováveis
Enquanto a maior parte dos países desenvolvidos direciona esforços para descarbonizar suas matrizes de energia elétrica, a geração brasileira conta com a participação de 84,8% de fontes renováveis, segundo dados do último Balanço Energético Nacional (BEN 2021/EPE).
No caso da Europa, a diversificação das fontes de geração e a redução da dependência dos mercados de combustíveis fósseis – majoritariamente petróleo e gás – está surtindo os primeiros efeitos. Em 2020, as fontes de energia renováveis representaram 37,5 % do consumo bruto de eletricidade na União Europeia, contra 34,1 % em 2019, segundo dados da EuroStat.
Além desse dado estruturante amplamente favorável ao Brasil, a indústria nacional da cadeia de produtos químicos do cloro apresenta eficiência energética bem próxima da atualmente alcançada nos processos fabris europeus.
Assim, como resultado, considerando o perfil das respectivas matrizes energéticas e a demanda semelhante por energia, a indústria europeia de cloro-álcalis tem Potencial de Aquecimento Global 1,5 vezes maior, em comparação com o mesmo setor no Brasil.