No Brasil, o baixo desempenho na cobertura do serviço reforça a urgência de ações concretas para universalização do acesso
O simples hábito de lavar as mãos com água e sabão tornou-se essencial para ajudar a conter uma das maiores pandemias que o mundo viu, nos últimos cem anos. As crises sanitária e humanitária evidenciaram a importância do saneamento básico, especialmente em países como o Brasil, que ocupa a 112ª posição no ranking de saneamento, entre 200 países.
Em julho de 2020, o País alcançou um novo Marco Regulatório do Saneamento, que ampliou as possibilidades, redefiniu papéis e redesenhou as oportunidades de investimento no setor, abrindo caminho para a universalização dos serviços de água e de esgoto, com a meta de alcançá-la até 2033.
Para garantir água limpa e demais serviços de saneamento para residências, estabelecimentos comerciais e indústrias, prédios públicos e outros serão necessários investimentos gigantescos, para construção, operação e manutenção de sistemas complexos. O governo brasileiro estima em cerca de R$ 750 bilhões o montante necessário para que o País alcance a universalização até 2033. Ou seja, são mais de R$ 30 bilhões por ano, o dobro do que é investido hoje.
Efeito multiplicador
Acesso a saneamento básico tem potencial econômico multiplicador, que gera desenvolvimento e traz retorno real para áreas como saúde e educação. Para cada R$ 1,00 investido, o retorno para a economia é de R$ 2,80, de acordo com estudo da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, tabulado pela KPMG.
Somente o volume de obras necessárias para universalizar o atendimento em água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem pode gerar cerca de 14 milhões de empregos. Além dos empregos diretos, a melhora nos índices de empregabilidade é significativa quando a população em questão goza de melhores condições de saúde, o que demanda o acesso ao saneamento.
O efeito multiplicador dos investimentos em saneamento básico ultrapassa o valor apontado quando considerado que parte da população brasileira sofre o impacto de cerca de 350 mil internações hospitalares por ano, provocadas por doenças relacionadas à falta de saneamento. Para esses atendimentos, o gasto estimado pelos serviços públicos de saúde alcança R$ 5,9 bilhões.
Não é à toa que um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), seja a universalização do saneamento básico.