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Os resultados positivos da união de datacenters e estações de tratamento de esgoto

Alocar as duas estruturas em um mesmo local pode resultar em economia significativa de energia elétrica

O alto consumo de energia de um datacenter se deve à necessidade de controle da temperatura dos equipamentos. Cerca 44% da demanda por eletricidade está vinculada ao uso de sistemas de ar-condicionado e ventilação para conter o aquecimento das máquinas. Além do custo, dependendo da fonte de energia elétrica, o datacenter pode ser um grande poluidor, contribuindo para a atividade de usinas movidas à combustíveis fósseis, emissoras de gases do efeito estufa.

Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) também são grandes consumidoras de energia, o que se explica pelo número de equipamentos envolvidos em todo o processo, como sistemas de controle e monitoramento e inúmeros motores que movem estruturas ou realizam bombeamento. No Brasil, para diminuir a despesa com a conta de luz, empresas de saneamento estão investindo em sistemas de energia solar (leia mais).

Uma multinacional de tecnologia e uma companhia de saneamento sul-coreanas deram início a um projeto com o propósito de diminuir o consumo de energia de datacenters e estações de tratamento com uma ideia simples: construir ambas as estruturas no mesmo espaço.

A iniciativa, chamada de Co-Flow, pretende utilizar água para o resfriamento do datacenter e direcioná-la aquecida para o sistema de sanitização de águas residuais, o que melhora a qualidade desse último processo e gera economia de energia. Pelo fluxo proposto, parte da água tratada volta para o sistema de resfriamento do datacenter, gerando um ciclo positivo para o funcionamento da ETE e da unidade de processamento de dados.

Outra vantagem desse arranjo de engenharia civil para unir datacenters e ETE é o melhor aproveitamento de espaço físico. O avanço da tecnologia – especialmente após a disseminação do 5G – vai impor a construção de inúmeros novos datacenters e a procura por novas locações é um problema que já se apresenta em Países como Estados Unidos e Alemanha.

O Co-Flow cria um cenário em que todos saem ganhando, permitindo que os datacenters sejam desenvolvidos dentro do espaço existente das obras de tratamento de esgoto, além de economizar água e energia.

O primeiro passo

A BKT, empresa sul-coreana que está desenvolvendo o projeto Co-Flow, já conseguiu implementar uma primeira estação de tratamento de esgoto com tecnologia de biofiltração (WRRF) que ocupa uma área até 80% menor que a necessária para estabelecer uma ETE convencional, com a mesma capacidade.

O sistema de biofiltração é utilizado para tratamento primário, secundário e terciário, combinando filtragem física e tratamento biológico. Regra geral, estações com este aparato não trabalham a fase primária, o que a companhia BKT passou a executar após o desenvolvimento de novos modelos de blocos de filtros.