Padrão de balneabilidade das praias do município de São Sebastião será qualificado, melhorando a qualidade de vida dos moradores e o conforto para os turistas
A SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) anunciou a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e uma Estação Elevatória de Esgotos (EEE1) em Maresias, praia do município de São Sebastião, no litoral norte do Estado de São Paulo. Conjugadas, as duas estruturas representam investimento de R$ 29 milhões e têm previsão de entrega para 2024.
A ETE Maresias vai ter capacidade para tratar até 122 litros de esgoto por segundo, porte adequado para a região que alcança picos de adensamento populacional de pouco mais de 10 mil pessoas, durante os fins de semana da temporada turística. Em comparação, a ETE Barueri, a maior do País, tem capacidade para tratar 12 mil litros por segundo, atendendo uma população de 5,8 milhões de habitantes, em nove municípios.
As obras em Maresias incluem a construção da rede de coleta de esgoto, com investimento de quase R$ 29 milhões. As novas estruturas de saneamento devem melhorar a qualidade de vida dos moradores e turistas que frequentam a região, aumentando os índices de balneabilidade das praias. A Sabesp deve acumular mais de R$ 610 milhões em investimentos nas praias do município de São Sebastião, sendo R$ 388,7 milhões em esgotamento sanitário e R$ 200,7 milhões em abastecimento de água.
Contexto maior
As obras anunciadas em Maresias fazem parte do programa Onda Limpa, do governo do Estado de São Paulo, que promete cumprir um cronograma de projetos com o objetivo de levar esgotamento sanitário para todas as praias paulistas. Em particular, a constituição geográfica do litoral norte do estado impõe um desafio de engenharia para essa meta, com inúmeras praias de pequena extensão, separadas por morros e colinas cobertos por Mata Atlântica. Ou seja, instalações centralizadas de ETE para concentrar a coleta e tratamento de esgoto são opções praticamente inviáveis para a região.
Assim, cumprindo um cronograma de implementação de estruturas menores em diferentes localidades, a Sabesp acabou de entregar o sistema de esgoto de Barra do Una e Engenho, a 30 quilômetros de Maresias. Mais ao norte, obras de ampliação e qualificação do sistema de esgotamento sanitário foram entregues em Caraguatatuba; em Ubatuba, a primeira inspeção técnica para a ampliação da estação de tratamento local foi realizada.
O Brasil precisa evoluir em garantia de tratamento de esgoto nas cidades e comunidades costeiras. No ranking internacional da Fundação para a Educação Ambiental (Foundation for Environmental Education – FEE), uma organização não governamental presente em 77 países, apenas 22 praias brasileiras têm o selo Bandeira Azul, que avalia praias sobre 34 critérios, entre gestão ambiental e qualidade da água (leia mais).
Na Espanha, por exemplo, com a costa marítima 2.500 quilômetros mais curta que a nossa, há 615 praias certificadas pela entidade. Tratamento de esgoto é um dos diferenciais, como evidencia o Ranking do Saneamento 2021, produzido pelo Instituto Trata Brasil: desde 2017, a cada ano, pelo menos 5.622 piscinas olímpicas de esgoto não tratado foram despejadas in natura em rios ou praias de todo o Brasil.
