Abiclor

Indústria química nacional é peça chave para o futuro do saneamento básico

Setor deve passar por um ciclo de aumento da demanda por produtos químicos e equipamentos necessários para a universalização dos serviços de saneamento até 2033

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) elaborou estudo para quantificar o volume de bens industriais necessários para que o Brasil possa cumprir as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico (PlanSab) – aumentos de 84% para 99% na oferta de água potável, de 50% para 90% no tratamento de esgoto e, redução de perdas de água tratada dos atuais 40% para 25%.

Este estudo vem sendo atualizado e, de acordo com os últimos dados, a demanda por tubulações para distribuição de água e coleta de esgoto será bastante elevada com a implementação de projetos. Os números atuais indicam que serão necessários aproximadamente 410 mil quilômetros de tubulação – 148 mil quilômetros para distribuição de água e 261 mil quilômetros para coleta de esgoto. Para tubos com diâmetro de até 500 mm a previsão é que 96% da demanda seja atendida por tubulações de plástico, na sua maioria – aproximadamente 70% – de policloreto de vinil (PVC) e de polietileno de alta densidade (PEAD), neste caso, principalmente em instalações prediais.

A capacidade da indústria nacional dedicada a esses fornecimentos precisará de incrementos consistentes anualmente, com a finalidade de atingir o dobro do patamar atual em 2030, ano de pico da demanda pelo material (leia mais).

O desafio vai além da entrega de tubulação suficiente: a busca por produtos químicos para tratamento de água e esgoto também será elevada. A estimativa do Banco é de um volume de compras de R$ 28 bilhões, até 2033, de produtos químicos dedicados ao tratamento de água (R$ 22 bi) e esgoto (R$ 6 bi).

Na lista de materiais constam cloro, ácido fluossilícico (flúor), policloreto de alumínio (PAC), sulfato de alumínio e CAL. Segundo as projeções do BNDES, por conta da participação na fabricação do PVC, a disponibilidade de cloro para tratamento de água e esgoto também poderá passar por algum stress em 2030.

“A indústria nacional de cloro está operando abaixo da capacidade instalada, permitindo atender parte da demanda futura das redes. Todavia, mesmo com a redução da ociosidade das fábricas a atual capacidade instalada, que é de 1.485 mil toneladas por ano (2020), terá que ser ampliada para atender a demanda de universalização do saneamento. Ou seja, com o uso da capacidade ociosa e as projeções do BNDES há condições básicas para planejar investimentos para atender a demanda projetada”, explica Martim Afonso Penna, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor).

De acordo com o levantamento do BNDES, a indústria nacional de flúor tem capacidade produtiva para entregar o dobro da demanda atual pelo produto. Todavia, acompanhar a evolução dos pedidos e planejar ampliação ou construção de unidades fabris é uma tarefa que se impõe: “Apesar de não haver grandes dificuldades técnicas para o transporte, os produtos químicos para tratamento não são considerados commodities e o alto valor do frete faz com que a importação não seja comum”, aponta o relatório. Ou seja, caberá à indústria nacional antever e prevenir os gargalos.

A importância do cloro

O cloro (Cl) é um item central entre os insumos necessários para a na desinfecção da água e tratamento do esgoto e para a oferta de serviços de saneamento básico.

No tratamento de água, o cloro é utilizado em duas etapas do processo que resulta na potabilidade do recurso natural. Uma quantidade do produto é adicionada assim que a água e o esgoto coletados ingressam na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e de água (ETA). Após os processos de floculação, decantação e filtração, e antes da entrega para a rede de distribuição, há uma nova adição de cloro para garantir poder residual de desinfecção da água até os consumidores. O PVC faz parte da família dos polímeros clorados (aqueles que contêm o elemento cloro em sua cadeia polimérica) e é composto por 57% de cloro (Cl) e 43% de eteno, em massa (leia mais).

O elemento químico também tem uma série de aplicações em outras áreas como medicina, produção de alimentos e indústria de materiais para veículos e embarcações (leia mais).