Pesquisa realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e publicada na revista científica Viruses mostrou que o Aedes aegypti apresenta baixa competência vetorial em relação ao vírus zika, quando alimentado diretamente em macacos infectados. O estudo sugere que a transmissão do zika vírus tem uma influência maior pela densidade de mosquitos em uma região do que pela capacidade de transmissão do vetor.
Os pesquisadores utilizaram duas populações distintas de Aedes do município do Rio de Janeiro – de Manguinhos, na Zona Norte, e da Urca, na Zona Sul. Os insetos foram criados sob condições controladas de umidade e temperatura, na sede da Fiocruz. Ao atingir a fase adulta, os mosquitos foram alimentados, em dias diferentes, com sangue de seis macacos rhesus infectados pelo vírus zika. O período de viremia, momento em que há vírus circulando no sangue do animal, se estendeu até oito dias após a inoculação.
A competência vetorial foi analisada após 3, 7 e 14 dias da alimentação dos mosquitos nos macacos com sangue infectado. Apenas em uma pequena parte dos mosquitos alimentados no pico da viremia, registrado no segundo dia após a infecção dos primatas, foi identificada a presença do vírus. Dos 366 mosquitos analisados, apenas 15 testaram positivo para o vírus, resultando em uma taxa global de infecção de cerca de 4%, independentemente da população de mosquitos testada. Dentre os positivos, cerca da metade registrou disseminação viral para a cabeça do inseto. No total, apenas dois dos 366 mosquitos apresentaram vírus na saliva – fator decisivo para a transmissão.
O estudo destaca que, considerados somente os mosquitos que conseguiram se infectar (15), tanto a taxa de disseminação quanto a taxa de transmissão (presença do vírus na saliva) variaram de 50% a 100%. O resultado indica que, uma vez infectado, o Aedes tem alta probabilidade de que o vírus se espalhe pelo seu corpo e possa ser transmitido.
O resultado mostra a importância de reforçar a estratégia de combate à proliferação do mosquito. “Com dez minutos por semana é possível eliminar criadouros nas casas e interromper o ciclo de desenvolvimento do mosquito”, enfatiza o pesquisador Ricardo Lourenço, coordenador do estudo, em nota oficial.
Fonte: Fiocruz