Estudo encomendado à Universidade de São Paulo (USP) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Brasil tem grande mercado a ser explorado para otimizar o consumo hídrico nas indústrias e desenvolver novos negócios em torno do reúso da água, obtida do tratamento de efluentes e esgoto doméstico. Mas o índice de adesão ao reúso da água que contribui para redução dos impactos ambientais e conflitos de acesso ao recurso nas bacias hidrográficas ainda é baixo no País. Noo Sudeste, onde fica a Região Metropolitana de São Paulo sob constante risco de escassez, são utilizados apenas 1,3 metro cúbico por segundo de água de reúso para um potencial estimado de 7 a 8 metros cúbicos por segundo – seis vezes maior em relação ao que é aproveitado, destaca reportagem do jornal Valor Econômico.
O uso de esgotos tratados como fonte alternativa de água para a produção industrial poderia representar de 10 a 20 metros cúbicos por segundo no curto e médio prazos, principalmente em zonas críticas. Com viabilidade econômica: considerando uma taxa de retorno de 12% para quem produz e fornece o recurso, os preços se apresentam competitivos para uso industrial diante dos riscos das empresas em áreas de baixa disponibilidade hídrica, constata o estudo. Em São Paulo, a tarifa para o abastecimento convencional da indústria varia de R$ 5,75 a R$ 18 por metro cúbico, 12 vezes mais cara que o preço da água de reúso, que varia de R$ 1,50 a R$ 2,28 o metro cúbico.
Além da redução do consumo hídrico, a alternativa diminui o uso energético ao evitar a captação em mananciais cada vez mais distantes dos espaços urbanos-industriais. Estudos recém-lançados pela CNI com análises nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Espírito Santo e Rio de Janeiro mostra que a indústria poderia considerar a água tirada do esgoto como garantia de segurança hídrica, reduzindo a necessidade de buscá-la cada vez mais longe, a custos altos.
Fonte: Valor Econômico, edição de 23 /3/2018