A falta de saneamento básico tem impactos negativos para toda a sociedade e é um dos fatores que reforçam a desigualdade de gênero no Brasil. Essa é uma das conclusões do estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira”, do Instituto Trata Brasil, que revela que o acesso a água e esgoto tiraria imediatamente 635 mil de mulheres da pobreza, a maior parte delas negras e jovens. Hoje no país 27 milhões de mulheres – uma em cada quatro – não têm acesso adequado à infraestrutura sanitária e o saneamento é variável determinante em saúde, educação, renda e bem-estar.
Vítimas da falta de saneamento básico, as meninas, em idade escolar, sem acesso a banheiro têm desempenho estudantil pior, com 46 pontos a menos em média no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) quando comparadas à média dos estudantes brasileiros. O saneamento impacta ainda no ingresso ao mercado de trabalho, uma vez que o acesso à água tratada, coleta e tratamento de esgoto poderia reduzir em até 10% o atraso escolar da estudante.
Outro dado impactante aponta que 1,5 milhão de mulheres não tem banheiro em casa e essas brasileiras têm renda 73,5% menor em comparação às trabalhadoras com banheiro em casa. Os números também mostram que a falta de acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário é uma das principais causas de incidência de doenças diarreicas, que levam as mulheres a se afastarem 3,5 dias por ano, em média, de suas atividades rotineiras. O afastamento por esses problemas de saúde afeta principalmente o tempo destinado a descanso, lazer e atividades pessoais. Meninas de até 14 anos são as maiores vítimas desse quadro, com índice de afastamento por diarreia 76% maior que a média em outras idades (132,5 casos de afastamento por mil mulheres contra 76).
Já no caso da mortalidade, o déficit de saneamento é mais perigoso para a mulher idosa, que corresponde a 73,7% das mortes entre as mulheres sem acesso ao saneamento.
Fonte: Trata Brasil