A falta de chuva que atinge as regiões Sudeste e Centro-Oeste não foi a única responsável pelo déficit do Sistema Cantareira, maior rede de abastecimento de água do Brasil, segundo reportagem publicada no site da revista Exame. Entre os motivos que explicam a crise hídrica estão a degradação das áreas circunvizinhas aos mananciais, da má gestão da água — incluindo o baixo investimento em redes de abastecimento e de tratamento de esgoto — e do crescimento populacional e industrial.
De acordo com a organização ambiental The Nature Conservancy, a Grande São Paulo já apresenta uma demanda 4% maior do que o volume disponível nos reservatórios que a abastece, caracterizando uma situação de estresse hídrico, quando a demanda por água é maior do que a oferta. Se nenhuma medida for tomada, esse déficit poderá subir para quase 20%, alerta a Nature Conservancy. Para as empresas a situação assume proporções mais graves, pois o consumo mundial de água doce se divide em 70% para a agropecuária, 20% para a indústria e apenas 10% para uso doméstico.
Para reduzir o consumo, as empresas têm criado metas e planejado ações . Com o uso de novas tecnologias e técnicas de reaproveitamento, o retorno, apesar de ser visto a longo prazo, vale a pena. Segundo Celso Placeres, diretor de engenharia de manufatura da Volkswagen do Brasil, a água utilizada em testes semanais de equipamentos contra incêndio na unidade de São José dos Pinhais, no Paraná, passou a ser coletada em tanques e reaproveitada para resfriar máquinas no processo produtivo. Com essa medida, serão economizados 16 000 metros cúbicos de água por ano. Já na unidade de Anchieta, em São Bernardo do Campo, são captados 22 metros cúbicos de água por mês em gotas que são geradas na parte externa de compressores durante o processo de resfriamento de equipamentos.
Entre os exemplos de redução de consumo, a Itambé, em sua unidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais, também apostou no reuso, já que toda água utilizada pela empresa vem de poços artesianos, que dependem de chuvas e de boa absorção do solo para se manter ativos. Com esse projeto, a empresa conseguiu diminuir em 50% o volume de água captado da natureza”.
Em um momento que a demanda por água é maior do que a oferta existente, as iniciativas por parte das companhias para economizá-la – sejam as que consomem milhões em investimentos às mais simples – possuem retorno significativo e eficaz.
Fonte: Exame.com, 25/12/2014