O surto de zika na América do Sul foi estimulado pelo fenômeno El Niño de 2015, segundo novo estudo divulgado em dezembro, prevendo que um potencial risco de transmissão sazonal para o vírus, transmitido pelo mosquito, pode existir no Sudeste dos Estados Unidos, Sul da Europa e outros lugares durante o verão.
Publicado na revista americana Proceedings of the National Academy of Science, o estudo utilizou um novo modelo epidemiológico que analisa como o clima afeta a propagação de zika pelos seus principais vetores, o mosquito da dengue (Aedes aegypti) e o mosquito asiático (Aedes albopictus).
O estudo revelou que em 2015, quando ocorreu o surto de zika, o risco de transmissão foi maior na América do Sul.
Os pesquisadores acreditam que isso é provavelmente devido a uma combinação do El Niño – fenômeno que ocorre naturalmente, com temperaturas acima do normal no Oceano Pacífico e provoca condições climáticas extremas em todo o mundo – e mudanças climáticas, criando ambiente propício para os vetores do mosquito.
O El Niño ocorre de três a sete anos em intensidade variável, como o fenômeno de 2015, apelidado de “Godzilla”, um dos mais fortes já registrados. Os efeitos podem incluir a seca severa, as chuvas pesadas e as elevações da temperatura na escala global.
Cyril Caminade, um pesquisador de epidemiologia e população que liderou o trabalho, disse em comunicado: “Foi sugerido que o vírus zika provavelmente chegou ao Brasil a partir do Sudeste Asiático ou pelas ilhas do Pacífico em 2013. No entanto, o nosso modelo sugere que foram as condições de temperatura relacionadas com o El Niño de 2015 que desempenharam papel fundamental na ocorrência do surto – quase dois anos após a crença de que o vírus fosse introduzido no continente.”
“Além do El Niño, outros fatores críticos podem ter desempenhado um papel na ampliação do surto, como a população sul-americana não exposta, o risco representado pelas viagens e o comércio, a virulência da estirpe do vírus Zika e outras infecções como a dengue”.
Os pesquisadores disseram que o estudo prevê potencial risco de transmissão sazonal para o vírus Zika, no Sudeste dos Estados Unidos e, em menor escala, no Sul da Europa, durante o verão no Hemisfério Norte.
Eles também planejaram adaptar o modelo a outros vírus, como da chikungunya, com o objetivo de desenvolver sistemas de alerta precoce que poderiam ajudar as autoridades de saúde pública a se preparar ou até mesmo a prevenir futuros surtos.
A Organização Mundial da Saúde declarou recentemente que a Zika, que está ligada a defeitos congênitos e complicações neurológicas, não será mais tratada como emergência internacional, mas como “desafio duradouro de saúde pública.”
Fonte: Agência Brasil com base em informações da Agência Xinhua