Os longos períodos de estiagem que castigam o Sudeste brasileiro desde 2012 produzem indicadores dramáticos. De três anos para cá, os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e parte de Minas Gerais perderam, anualmente, algo em torno de 56 trilhões de litros de água. Isso corresponde a duas represas de Itaipu ou 43 sistemas Cantareira.
As regiões Sudeste e Nordeste enfrentam o que pode ser a mais grave seca em quase quatro décadas; em São Paulo, o fenômeno é o mais intenso dos últimos 80 anos.
No Nordeste, onde a falta de chuva e as crises de abastecimento já estão incorporados à tradição climática, também tem se agravado. Desde o início da década, os Estados perderam, por ano, cerca de 49 trilhões de litros de água.
Especialistas acreditam que os índices pluviométricos não serão suficientes para reverter a seca nos mananciais e reservatórios.
Os dados sobre a crise hídrica no Sudeste e no Nordeste foram identificados em um estudo da Nasa. A análise não é conclusiva sobre as causas da seca, mas as especulações são conhecidas: a escassez de chuvas pode ser provocada pelo aquecimento global, por grandes desmatamentos (principalmente na Amazônia) ou variados fenômenos climáticos (é certo que a atual manifestação do El Niño, anormalmente mais intensa, tornará o próximo verão ainda mais quente do que nos últimos períodos).
Estes indicadores mostram uma evidência e um alerta. No primeiro caso, é notório que estresses climáticos e a ação ambientalmente predatória do homem juntam-se para formar um quadro de extrema gravidade; no segundo, é crucial que o poder público e a sociedade em geral atentem para a necessidade de cuidar da água, em sentido amplo.
A repetição de períodos de seca em espaços de tempo cada vez mais estreitos, ao menos no Sudeste, sugere que as estiagens podem estar perdendo o caráter de fenômenos tópicos para se tornar um fantasma cada vez mais presente. Os sinais parecem cada vez mais claros.
Fonte: O Globo
11/11/2015