Parceria de start up com grande empresa do setor de energias renováveis possibilitou a doação dos sistemas que funcionam apenas com a luz do Sol
Em incontáveis regiões do País, especialmente em comunidades isoladas do semiárido ou distantes de redes de distribuição de água tratada, o armazenamento de água das chuvas em cisternas é uma das soluções mais interessantes para tornar contínuo o fornecimento. Todavia, após a estruturação adequada dos reservatórios, a disponibilidade de equipamentos e materiais necessários para o tratamento da água captada é um desafio que se impõe.
Para oferecer uma solução eficaz e perene para o problema, a start up brasileira Safe Drinking Water For All (SDW), por meio do trabalho de Anna Luísa Beserra – fundadora da empresa – desenvolveu o sistema Aqualuz, uma tecnologia reconhecida pela Organização das Nações Unidas com o Prêmio Jovens Campeões da Terra, em 2019. O projeto também foi finalista da edição 2020 do Prêmio ANA, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico.
O Aqualuz é o único equipamento do mundo capaz de tratar água de cisternas usando apenas a luz do Sol. Por meio desse sistema, a água fica exposta aos raios solares até que um sensor químico mude de cor, indicando ao usuário que está pronta para o consumo. Sem o emprego de substâncias químicas, filtros sofisticados ou intervenções na cisterna, o equipamento pode ser montado em poucos minutos e oferece uma durabilidade estimada em 20 anos, sendo necessária apenas a manutenção preventiva: lavagem com água e sabão.
Parcerias que multiplicam
Em fevereiro de 2021, a SDW celebrou uma parceria com a Casa dos Ventos, empresa nacional do setor de energia eólica, para levar o Aqualuz para três comunidades – Belas, Pouso Alegre e Baixa do Umbuzeiro – da região de Campo Formoso, município do interior da Bahia, a 400 quilômetros de Salvador. Um dos parques eólicos administrados pela companhia está instalado na cidade.
A colaboração entre a start up e a empresa de energia também previu a implantação de unidades do Sanuseco, banheiro seco desenvolvido pela SDW para possibilitar o acesso das escolas da região a saneamento básico. Os diferenciais deste segundo equipamento são a economia, com redução de cerca de 25% do consumo de água, e a transformação dos dejetos – um passivo ambiental – em um fertilizante natural.
Com este projeto social, a Casa dos Ventos e a SDW desejam contribuir para o desenvolvimento sustentável de comunidades situadas em regiões semiáridas, democratizando o acesso à água potável e reduzindo os índices de doenças de veiculação hídrica. O Retorno Social do Investimento (SROI) é estimado em R$ 3 bilhões para a região.
Esse impacto é transformador e facilmente percebido pelas populações beneficiadas. O Instituto Trata Brasil, com o projeto “Trata Brasil na Comunidade”, acompanha as mudanças provocadas pela chegada de serviços de saneamento básico às localidades desassistidas, em todas as regiões do País. No levantamento mais recente, realizado em três comunidades vulneráveis de Manaus (AM), o acesso à água tratada aumentou a sensação de dignidade para 97% dos moradores entrevistados.
