A paralisia de duas décadas no desenvolvimento das redes de saneamento básico no País deixou o sistema em estado de alerta. Dados da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) mostram que os investimentos mudaram de patamar nos últimos dez anos. Em 2003, o volume dos recursos aplicados chegou a R$ 5,3 bilhões, enquanto em 2012 atingiu R$ 10,3, ainda metade do que seria necessário, informa o jornal Valor Econômico. Embora tenha avançado, o desafio de universalizar os serviços de água e esgoto em 20 anos é árduo.
O caso mais grave é dos afluentes. Segundo o Instituto Trata Brasil, mais de 105 milhões de pessoas não têm acesso a coleta de esgoto no País e apenas 37,5% dos dejetos são tratados. A falta dessas necessidades básicas faz com que duas mil crianças morram por ano vítimas de diarreia.
Segundo o jornal Valor, um dos grandes problemas seriam as condições para obter financiamento em bancos estatais para gerir esses recursos. Muitas cidades não têm corpo técnico para executar os planos municipais e acabam não se adequando à legislação. Outro obstáculo é a velocidade baixa da implementação de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Das 138 obras de esgotamento sanitário monitoradas, 65% estão paralisadas, atrasadas ou ainda não iniciadas.
“Há ainda uma ideologia contrária à participação do investidor privado, mas as PPPs e as concessões ganham espaço diante das dificuldades existentes no setor. A tarefa do que ainda há por fazer é gigantesca, diante das demandas existentes”, diz o vice-presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Newton Azevedo.
Fonte: Valor Econômico, 25/04/14