Abiclor

Aproveitamento de água da chuva demanda cuidados

Formas de captação e armazenamento, bem como destinação pretendida norteiam procedimentos técnicos para evitar danos à saúde.

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS), apenas 19,6% dos 3.653 municípios pesquisados possuem Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas. Ou seja, o País carece de políticas públicas que incentivem e orientem a construção de imóveis sustentáveis, com estruturas pensadas para captação e armazenamento adequados para melhorar o aproveitamento da água da chuva.

“A água da chuva é, regra geral, de boa qualidade. Eventualmente, pode haver algum contaminante na atmosfera, mas a forma da coleta é o fator de maior relevância”, explica Carlos Ramos, coordenador de Desenvolvimento de Produto da Hidromar. No caso da coleta de água por meio das calhas e condutores, após a passagem pelo telhado ou laje, material orgânico pode ser carregado para o reservatório – o que acarreta a proliferação de lodo e o “apodrecimento” da água.

As edificações (residenciais, comerciais ou industriais) preparadas para a captação de águas pluviais contam com gradeamento para separar gravetos e outros materiais sólidos. Há ainda previsão de espaço para o filtro seletor de águas, por meio do qual é possível fazer o descarte da primeira água da chuva, carregada com mais detritos da lavagem do telhado.

O sistema também pode contar com filtros de areia, para reter contaminantes, e filtros específicos para a remoção de ferro e manganês. Mesmo filtrada, a água pluvial pode carregar substâncias tóxicas e bactérias que podem causar danos à saúde em caso de ingestão ou contato com a pele. “A estrutura a ser montada depende do padrão que se pretende atingir, entre balneabilidade e potabilidade, de acordo com a destinação”, afirma Ramos.

Outro fator importante no projeto para aproveitamento de águas pluviais é a separação das redes de distribuição pelo imóvel. Não se deve utilizar a mesma tubulação para a água de aproveitamento e a água tratada entregue pela empresa de saneamento; o mesmo vale para caixas d’água, cisternas e outros tipos de reservatórios.

O tratamento das águas pluviais

A água da chuva, mesmo filtrada, pode carregar substâncias tóxicas e bactérias capazes de provocar danos à saúde em caso de ingestão ou contato com a pele. Até mesmo para o uso em rega de plantas, limpeza de áreas, máquinas de lavar e descarga de vasos sanitários é necessária a aplicação de produtos próprios para garantir a segurança sanitária. “O cloro é o produto mais viável, em termos de custo. Além disso, é o elemento com maior volume de estudos da aplicação para tratamento de águas: ele está presente nesta atividade há mais de dois séculos, sabemos tudo a respeito dele”, conta Carlos Ramos.

Ele considera o uso do cloro gás um investimento viável devido a algumas características, como facilidade de aplicação, longa durabilidade (o cloro gás não degrada) e pouca necessidade de manutenção. “As alternativas para o cloro gás são o hipoclorito de cálcio e o hipoclorito de sódio, dois produtos que se degradam com o tempo e perdem eficácia, o que não ocorre com o cloro”, acrescenta.

Para fazer a escolha adequada da técnica utilizada para o tratamento da água de aproveitamento da chuva, o recomendável é pedir a orientação do fornecedor de produtos químicos próprios desta destinação.

O investimento tem retorno financeiro e ecológico, diminuindo o valor a conta de água e esgoto e reduzindo a demanda por água captada pelas empresas de saneamento, ajudando a manter o nível de reservatórios. Para se ter uma ideia do impacto, estudos apontam que as atividades para que se pode destinar a água de aproveitamento de chuva representam pouco mais da metade do consumo médio de um imóvel, independentemente do ramo de atividade.