Abiclor

Interação entre zika e dengue apresenta aspectos preocupantes

Ao se encontrarem, os vírus da dengue e da zika interagem de maneira perigosa, mostra novo estudo da revista “Science” que fez testes in vitro e em roedores. Nesse teste, foi observado que quem já teve zika pode ter uma infecção de dengue pior que o esperado. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Trata-se do efeito conhecido como potencialização dependente de anticorpos: esses anticorpos, em vez de neutralizar e promover a aniquilação de um vírus, acabam se ligando a ele de uma forma mais fraca, permitindo que ele se reproduza sem dificuldades no interior de células do organismo.

Esse fenômeno biológico vem sendo estudado já há algum tempo e é uma das explicações mais plausíveis para o aparecimento das febres hemorrágicas em uma segunda (ou terceira ou quarta) infecção pelo vírus da dengue.

Tal efeito representa mais um obstáculo para os fabricantes de vacinas contra dengue e zika. Ao deixar um “buraco” na imunidade contra a zika, uma vacina contra os quatro vírus da dengue poderia deixar os imunizados mais predispostos a casos de zika com maior gravidade. Ou seja, mais propensos a gerar bebês com microcefalia e outras más-formações, no caso de mulheres grávidas, e de desenvolver a síndrome paralisante de Guillain-Barré.

Para Jorge Kalil, professor titular da USP e diretor do Instituto Butantan, o risco dessa potencialização existe, mas isso não invalida a busca da vacina contra a dengue, que está em fase final de estudos no órgão.”Dengue mata muito mais que zika”, diz.