O descaso com as áreas de mananciais é um dos principais problemas que avança a olhos vistos e agrava a crise hídrica no Brasil. A afirmação é do doutor em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Fábio Olmos, que também é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.
“Não tem como produzirmos água sem conservarmos as florestas e outros tipos de vegetação nativa. É preciso entender que existe uma relação complementar entre elas e, dessa forma, a crise pode ser mais bem compreendida”, afirma Olmos.
Ele alerta, contudo, que as principais áreas de abastecimentos de grandes regiões metropolitanas estão sendo destruídas, afetando a produção de água. Há a degradação da vegetação nas margens dos rios; manejo não adequado do solo e utilização exagerada de agrotóxicos; e a ocupação irregular que compromete a qualidade da água, devido ao lixo, esgoto e outros materiais descartados nos rios e nascentes.
“Para garantir a disponibilidade e a qualidade da água, é necessário que as áreas de mananciais sejam preservadas”, ressalta Olmos. Por isso, para ele, toda área captação de mananciais de abastecimento, no Brasil, deveria ser protegida por uma unidade de conservação.
Ele reconhece, contudo, que não basta aumentar o número de unidades de conservação existentes, sendo preciso que elas sejam geridas de uma forma eficaz.
Fábio Olmos defende que a reversão da falta de água, em um primeiro estágio, passa pela recuperação da cobertura vegetal nas áreas de mananciais e produtoras de água. Entre as alternativas para frear o problema, está a promoção de uma restauração ambiental em ampla escala. “É um passo além de conservar. Precisamos olhar os grandes espaços e paisagens como um todo e trabalhar na restauração ecológica”, explica. “Uma política relevante, nas cidades, são os projetos de arborização e preservação do meio ambiente também em áreas urbanas”, ressalta.
Paralelamente a isso, é preciso dar continuidade à criação de novas unidades de conservação e a efetiva implementação das já existentes. “Toda área de abastecimento, no Brasil, deveria ser um unidade de conservação, prevista na legislação”, afirma.
Fonte: Envolverde, 11/06/15